O tornado chega sem anunciar, vento duro rosna pela cidade. O lixo voa em direcção ao céu como preces imundas cheias de cores sombrias e angústia. A casa torna-se ruína, os telhados aleijados pelos objectos que embatem e fustigam tornam-se numa nuvem de vermelho esbatido. O meu quarto fica embriagado pelas projecções do exterior que irrompem pelo tecto. Procuramos abrigo entre destroços que rodopiam sem sentido, senil de conteúdo o descampado de metal retorcido acolhe os sobreviventes. Algo bate pela terra e o chão cai em silêncio pela devastação. Saqueada de folhas a grande arvore termina o seu bailado e a cidade sai dos esconderijos enfeitados pela desordem e caos.